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SABINO JOSÉ DA COSTA

(  Brasil – MATO GROSSO DO SUL  ) 

 

REVISTA DA ACADEMIA SUL-MATO-GROSSENSE DE LETRAS.  No. 9.  Setembro de 2005. Campo Grande, MS; 2005.  96 p.
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

O umbuzeiro

Do Sol abrasador as áureas chamas
Crestaram várzeas, campos, matagais!
A morte em tudo! Ressequidas ramas
Soltam-nos estálidos, crebos ais!

Vastos lenções de viridentes tramas.
Que são agora? – Múmias vegetais!
Verde umbuzeiro! Tu, só tu não clamas
Contra o estrago da seca tão voraz!

Previdente, guardaste em tuas raízes
A linfa e seiva que resistem sóis!
Mas tuas irmãs, inermes, infelizes,

Que embriagaram de cores arrebóis,
O dorso esmeraldino de matizes
Mil, vêm mirradas, transformado em pós!


Cavaleiro da esperança

Cavalgando o corcel das ilusões
Armei-me cavaleiro da esperança!
Dos sofrimentos, fiz os meus brasões
Da dor que fere e punge a minha lança!

No escudo do desprezo, os vis baldões
Apago, sem um gesto de vingança!
Para os golpes da inveja e das paixões,
Tenho um terçado de ironia mansa!

Eu quero a luta nobre, peito a peito,
E em campo raso, de viseira erguida,
Terçar polidas armas com respeito.

E a cada cutilada desferida,
Ver triunfante o erro em luz desfeito,
Através da verdade esclarecida.

 

 

O romeiro

Romeiro do ideal, gentil viajor,
Partiu cantando pela vida afora!
Levava n”alma um roseiral em flor
E sonhos lindos como a luz da aurora!

Uma lira era o seu bordão! E por
Farnel – ambrósias de esperanças – que ora
Tinham de castos beijos o sabor,
Ora o travo agridoce de quem chora!

Foi assim que partiu o peregrino,
Para cumprir, no mundo, o seu Destino
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
À beira do caminho ele recorda...

E dos seus olhos tristes rolam pérolas,
Que vão arrancando estas notas quérulas,
De abandonada lira, já sem corda!

 


Coração sem mágoa

 Alma tranqüila, coração sem mágoa,
Vou caminhando pela vida afora!
Se a Dor, às vezes, me enche os olhos d’água,
Enxuga-nos a Fé, tal como a aurora

O orvalho enxuga, na celeste frágua
Ódio nenhum meu coração devora!
Ambição, não na tenho; e certo, trago-o
Em minha alma, que nada quer, a implora

Tudo: – pão para as bocas que têm fome,
E aos que, nas trevas, vivem – muita Luz!
E ao desgraçado, esse a que a Dor consome,

Que siga o nobre exemplo de Jesus,
Bendizendo de Deus, o doce nome,
Cristãmente abraçado a sua Cruz!



Prece de poeta

Na lira afogo a minha dor. Do pranto
As lágrimas transformo em pedras raras!
Se morrem minhas ilusões mais caras,
Sepulto-as nas estrofes do meu canto!

Tronos, riquezas, espadas e tiaras,
Tudo é falaz – a fímbria do meu manto
de poeta, que arrasto pelas aras
da Catedral dos Sonhos, num encanto

Suaves de Arte e de beleza, vale mais!
– Milagres da Poesia, que com ais,
A vida canta e canta o Belo, o Amor!

Dá-me, pois, sempre lágrimas, Senhor!
– O Desengano, a Dor como a Tristeza,
Para o bardo é motivo de Beleza!

 

 

Aventuras duma coruja

Quis a coruja ser cantora, e então
Para disfarçar a feia catadura,
Enfeitou-se com as penas do pavão
E as perninhas trocou com a saracura.

Nesse chiquê, abandonou o chão,
Rumo ao Pindo, que fica a grande altura.
Bateu as asas mas um trambolhão
Deixou-lhe em caco a frágil ossatura!

Agora, claudicando duma perna,
Desiludida, volta para a caverna
E pia: Era uma vez um sabiá...

Dizem que a culpa toda é da Inaiá
– A bugrinha saída, que, ao relento,
A canela esticou de assanhamento!

 

*

 

Página publicada em abril de 2023


 

 

 
 
 
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